
Múltiplos interesses e visão inovadora.
O médico, cientista, empreendedor e banqueiro Eudoro Libânio Villela nasceu em Vargem Grande do Sul, São Paulo, em 1907, filho do também médico e sanitarista Eurico Villela, que participou da equipe de Carlos Chagas, descobridor das causas do Mal de Chagas. Eudoro formou-se médico e, como o pai, tornou-se um proeminente cientista, dedicando-se aos estudos sobre radioterapia para combate ao câncer. Em 1931, Eudoro já era encarregado dos cursos de anatomopatologia do Hospital Oswaldo Cruz e, em 1932, foi para Paris com uma bolsa do Institut du Radium da Fundação Curie, tendo interagido com a própria física francesa Marie Curie, primeira mulher a receber o Prêmio Nobel por pesquisas com radiação e a descoberta dos elementos químicos Rádio e Polônio. Alguns anos depois, desenvolveu uma técnica importante para identificar tumores malignos com o renomado cientista espanhol Del Rio Hortega. Esse método é utilizado até hoje e leva o seu nome, Rio-Hortega-Villela. Em 1938, Eudoro casou-se com Maria de Lourdes, filha de Alfredo Egydio de Souza Aranha e prima de Olavo Setubal. No começo dos anos 1940, em meio à Segunda Guerra, Eudoro voltou ao Brasil para criar o Instituto do Câncer da Fundação Oswaldo Cruz, mas o projeto acabou abandonado pelo governo. Entre as oportunidades que surgiram, o cientista que desejava continuar no país aceitou o convite do sogro para cuidar da Fiação Tecelagem São Paulo e, com o espírito do pesquisador, chegou a vender tecidos na Rua 25 de Março para aprender mais sobre o negócio. A busca por conhecimento era a paixão de Eudoro, que procurava se aprofundar em todos os assuntos, sempre conectado com as tendências mundiais, fossem elas do universo científico, tecnológico ou dos negócios. Em 1948, Alfredo Egydio chamou Eudoro para também fazer parte da diretoria do Banco Central de Crédito. Eudoro já possuía uma empresa de exportação e importação de madeira laminada da Suécia, a Los Andes, em sociedade com Nivaldo Coimbra de Ulhoa Cintra. Dessa experiência e do contato com os suecos surgiu em 1951 a Duratex, que começou a operar em 1954. Em 1959, com o afastamento de Alfredo Egydio de Souza Aranha do banco, Eudoro assumiu a presidência, tendo Olavo Setubal como diretor-geral. Eudoro foi um dos mentores da nova cultura administrativa implantada no Itaú por Olavo e do processo de fusões e aquisições nos anos 1960 e 1970 que fizeram o banco se consolidar como um dos maiores do país. Teve dois filhos, Alfredo Egydio Arruda Villela, morto em acidente aéreo em 1982, e Maria de Lourdes Egydio Villela, a Milú. Em 1975, Eudoro deixou a presidência e foi para o Conselho de Administração do banco, onde permaneceu até 1996, quando se afastou por motivos de saúde. Foi Presidente do Conselho de Administração da Itaúsa de 1975 a 2001. Faleceu em 18 de abril de 2001.